quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Perdida

Achei um Insta, cujo título é a seguinte pergunta: “Onde você tem paixão?"

Já faz um tempo que venho me fazendo esta pergunta. Ao contrário de muitos, não sou aquela pessoa que pensa não ter talentos. Pelo contrário, os tenho até demais. Por isso, fico indecisa na hora de escolher um para seguir na vida. Já li em alguns lugares que você pode fazer muitas coisas diferentes. Mas tenho minhas dúvidas. Com a vida tão cheia de afazeres, como hoje em dia, acho difícil você exercer mais de uma profissão.

Mas o meu grande problema é exatamente essa questão da paixão. Às vezes, fico tão desanimada com minha indecisão, que a paixão se apaga e me sinto perdida. Calma! Eu explico.

Desde muito pequena, vivi em um meio musical muito intenso. Aos 10 anos, fui estudar piano. Amava! Passava horas em um quarto fechado, treinando, ensaiando, descobrindo novos sons e compondo. Era a única coisa que eu gostava de fazer na vida, tanto que odiava estudar qualquer coisa que não fosse música. Não preciso nem comentar sobre meu desempenho escolar, né!

Mas tenho que escrever… Culminou com a minha reprovação do segundo ano, aos 16 anos. Chorei desesperadamente, com medo do meu pai me deserdar, já que passou a vida toda exigindo arduamente que eu estudasse. Resultado: larguei o piano para me dedicar ao colégio e tentar mostrar ao meu pai a mim mesma, que eu era capaz de passar direto. Ainda fiquei de recuperação em duas matérias, mas passei, ingressando, em seguida, no pré-vestibular.

Obviamente, não passou pela minha cabeça fazer faculdade de música, porque fui programada para jamais acreditar nisto como uma profissão. Como eu gostava de construir casas, brincando de lego e ficava encantada com maquetes, decidi fazer arquitetura.

Ao contrário da época de colégio, recuperei o tempo perdido e me formei com uma boa média global. Comecei a trabalhar e, paralelamente, fui estudar canto no conservatório. Para minha surpresa, surgiram vários convites para cantar, dar aulas, formar grupos vocais, etc. Mas, infelizmente, eu não podia acreditar em nada disso. Continuei sendo arquiteta. 

Você nasceu e larguei tudo com a desculpa de que iria me dedicar em tempo integral. Mas no fundo, eu queria era me encontrar. Comecei a escrever e vi que gostava. 

De lá para cá, muitas águas rolaram. Decidi cantar em cafés. Cantei tanto, que enjoei. Como??? Mas não era o meu sonho? 

Pois é! O buraco é bem mais embaixo. Eu sempre cantei tendo certeza de que todos estavam odiando a minha voz, mesmo quando aplaudiam. Como é, então, minha Nossa Senhora da Autoestima, que a pessoa vai ter o prazer de cantar? É claro que parei, porque não aguentava mais.

Ao mesmo tempo, investi tudo o que tinha na música e nunca obtive retorno. Embora as pessoas aplaudissem, pedissem cartão e meu CD, tudo isso nunca deu em nada. Fui contratada pouquíssimas vezes. Continuei sendo arquiteta.

Eis o meu dilema: A vida vive me mandando trabalhos de arquitetura, sem que eu faça o menor esforço e nada de música. Eu poderia entender isso como um sinal: seja arquiteta e tenha a música como um hobby. E eu nunca tentei fazer isso?

Sendo que, ao me dedicar à arquitetura, excluo a música da minha vida e fico morrendo, com dores de cotovelo.

Hummm... Acho que enxerguei duas coisas agora, que talvez me ajudem a trilhar meu caminho de liberdade:

- Eu tenho é que me livrar, urgentemente, da síndrome de insignificância o quanto antes;
- Preciso organizar meus horários para ser arquiteta e fazer algo relacionado à música, sem excluí-la.

Espero me encontrar!

Imagem: Pixabay

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